domingo, 24 de agosto de 2014

Mal comparando

Um dos nossos campos de treinamento/Arthur Sales
      Vim para a cidade de Redding, Califórnia, para melhorar o inglês, ver de perto como funciona o sistema de ensino americano e "curtir" a vida de jogador, jogo no time de uma instituição de ensino superior da cidade e os treinos são diários, algo que nunca havia experimentado no Brasil e nesses primeiros dias já deu para ter uma noção do quanto deve ser difícil para um jovem jogador de futebol lidar com o turbilhão de emoções que passam pela sua cabeça, coisas do tipo "e se eu quiser voltar para casa hoje? Não dá.", "vale a pena ter deixado para trás as opções de vida que deixei para estar aqui?".Já foi possível também ver como um simples gesto do técnico pode mexer com o emocional de um jovem jogador, meu colega de quarto, um garoto de 19 anos teve a "certeza" de que perdera seu lugar no time quando foi substituído no intervalo do primeiro coletivo, se abalou, disse que o técnico não havia gostado dele mas no fim das contas foi titular no nosso primeiro amistoso.
 
      Agora, se eu com 23, meu colega de quarto com 19, muito mais maduros do que um garoto de 14, 15 anos - idade em que normalmente os futuros craques começam a sair de casa - e que viemos para cá não para apostar na carreira de futebolista profissional e sim usá-la como ferramenta para outras conquistas, já temos dúvidas, angústias, receio e sofremos com a pressão por um melhor desempenho em campo, imagine o que se passa na cabeça dos jovens ingressantes nas categorias de base que veem no futebol a grande chance de ser bem sucedidos na vida? Por isso, deixo aqui meus parabéns aos milhares de garotos que um dia tiveram a coragem de mergulhar nessa aventura.